sábado, janeiro 21, 2012

*Propaganda enganosa



 Foi publicada uma notícia inusitada. Nela li que a Grã-Bretanha proibiu a veiculação de propagandas da linha de cosméticos da gigante  L’Oreal (fonte). As propagandas foram vetadas por que elas traziam a Julia Roberts em versão Photoshop. Trocando em miúdos, não era bem a Julia Roberts e sim uma idealização de beleza e juventude criada num computador. Ao que tudo indica a versão computadorizada ficou tão distante do real que o órgão regulador da publicidade Britânica concordou com a denúncia de uma parlamentar e obrigou a retirada e suspensão da publicidade. A empresa, claro, negou que a propaganda fosse enganosa, mas admitiu sim que fez alterações na imagem da atriz.
A notícia é polêmica, mas traz em si uma questão muito importante: Quanto de sofrimento psíquico é desencadeado em função de eventuais frustrações que surgem após o uso de um produto que não traz o resultado anunciado? Rapidamente podemos entender que isso traz muito angustia e frustração, pois anuncia-se um produto para deixar a pele da mulher mais bonita, mais jovem, mais delicada, mais clara… e usa-se uma mulher famosa como estandarte daquele produto, o que, provavelmente, levará muitas pessoas  a pensar: “ela usa o produto e fica assim, linda!”.  Acontece que aquele “assim”, não é por obra e mérito do cosmético. É “assim” pela excelência de um trabalho de um programa de computador e de uma pessoa que operou o programa.
Em casos assim,  uma pessoa que visualiza a propaganda e olha aquela “linda mulher” estampada no outdoor, nas páginas de uma revista não sabe o quanto de retoque foi feito e se deixa levar achando que aquele cosmético vai fazer por ela aquilo que “fez” pela atriz. E isso é no mínimo uma traição com a consumidora, principalmente pelo sofrimento que surge em, no mínimo, duas perspectivas:
1) A sociedade dita o padrão de beleza a ser adotado e nem todos podem obter os artifícios que conduzem ao padrão imposto (custa caro) causando assim sofrimento e levando as pessoas a desenvolver comportamentos que compensem essa “falta”;
2) Ainda aqueles que conseguem obter e usufruir dos recursos que levariam ao padrão de beleza tendem a se frustrar, pois não obtém o resultado prometido e podem até se culpar por isso, ao invés de atribuir a causa à propaganda enganosa.
Este vídeo mostra o quanto somos iludidos por imagens de pessoas artificiais.
A questão é bastante delicada, mas vemos que a propagandas trazem cada vez mais modelos retocadas e distorcidas. No lugar de pessoas, o que vemos cada vez mais nas revistas e nas propagandas são bonecos de plásticos que, quando não estão totalmente retocadas pelos programas de edição de imagem, estão cheias de silicone, botox e afins, alterando significativamente os atributos naturais das pessoas.
A questão é muito ampla, mas cabe ao menos alguns questionamentos:
  • Qual o impacto em nossa vida ao acreditarmos, desejarmos e comprarmos as imagens e idéias que são intencionalmente apresentadas diariamente em todos os ambientes?
     .
  • Será mesmo que queremos ser iguais a essas pessoas de mentirinhas?
     .
  • Precisamos mesmo delas?
     .
  • Conseguiremos viver sem elas?
Fonte:http://www.materiaincognita.com.br

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